quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Projeto Social resgata cultura em Ubá e ajuda na reeducação de crianças e adolescentes

Por Vanessa Fragoso - Jornal A Voz - Ubá (MG)

Projeto “vive melhor quem samba” tem sido um grande recurso para tirar crianças e adolescentes da rua, os adaptando a uma nova vida social e mais participativa.

O projeto é também uma parceria da ADUBAR- Agência de Desenvolvimento de Ubá e Região com a Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura Municipal de Ubá (MG). Que também conta com o apoio do Sport Club Aymorés.

O desenvolvimento do projeto que existe há cerca de dois anos só foi possível devido à sua inclusão no programa Arte e Cidadania na Escola da Secretaria Municipal de Educação, que fornece todo apoio logístico para a realização do mesmo.

O projeto Vive Melhor Quem Samba funciona no Centro de Atenção Integral à Criança (CAIC) do Bairro Vila Casal, de segunda a quinta, a partir das 17hs e aos sábados às 16hs.

Mário de Jesus Câmara, 35 anos, é um dos participantes desse projeto e se destaca por ser um dos integrantes mais velhos. Ele conta quando surgiu seu interesse e quando começou.

“Vim do Rio de Janeiro para Ubá, então o samba em si está no meu sangue. Meu filho estuda no CAIC, eu sempre ouvi o batuque, até que, certo dia, resolvi ir até lá e ver o que era” afirma.

Segundo ele, o interesse mesmo, não veio tão de imediato, mas a curiosidade acabou tomando conta e quando viu, já estava pronto para entrar.

“Na segunda vez que eu fui, já procurei saber como é, como funciona este projeto e a partir de então passei a tomar maior conhecimento. O Cosme que é o grande responsável por tudo isso, me explicou que este era um projeto para crianças carentes, mas que lá não era necessário ser criança para entrar, tinha apenas que gostar de samba e querer tocar” afirma.

O projeto, no entanto, tem um grande objetivo, que além de ajudar na vida das crianças mais carentes e dar novas oportunidades a elas, ele também tenta resgatar um pouco mais da cultura de ubá.

“Ubá não tem carnaval, hoje em dia não se vê mais bloco na rua. Antigamente era o Sanatório, mas até isso acabou” ressalta Mário.

Antônio Carlos Gonçalves Câmara, 11 anos, também faz parte do projeto e ele conta sua satisfação de estar sempre lá. “Eu gosto de ir pra lá. Eu ficava toda hora em casa fazendo bagunça. Lá é muito bom, os meninos que ficam na rua também vão pra lá e aprendem a batucar, a fazer alguma coisa”, afirma Antônio.


Francisco Raffael Floriano Parma, 18 anos, que também participa do projeto “vive melhor quem samba”, diz que, sem dúvidas essa iniciativa é uma grande forma de tirar as crianças da rua e ensinar novas coisas, como batucar por exemplo. “Tem menino que entra lá ruim, com mau comportamento e lá aprende alguma coisa, a ter uma educação” afirma.

Para eles o projeto tem sido mais que uma nova escola, mas sim outra vida que não pode acabar. “O projeto é bom, tem que continuar, tem que expandir e não pode parar de maneira alguma. Aprendemos tudo lá, ter respeito pelo próximo e se não tiver, lá não é seu lugar” Segundo Rafael, o incentivo para que mais crianças e adolescentes como ele possam também ter essa oportunidade e participar é fundamental.

“Eu incentivo aos adolescentes e crianças como eu a irem para o projeto. Tem gente que tem vergonha de tocar, vê e critica, mas na verdade quer entrar. Só que as pessoas não sabem que lá aprendemos tudo. Entrei sem saber nada e hoje graças a Deus sei tocar todos os instrumentos” afirma.

O projeto que tem um “cunho” social desenvolve a auto-estima das pessoas e cria uma maior responsabilidade, disciplina e respeito aos alunos que participam.

“Ele cria um senso de responsabilidade e ensina que devemos ser conhecidos pelas coisas boas que fazemos” afirma o Coordenador e professor Cosme Elias.

Para ele os resultados têm sido muito satisfatórios, além de outros retrospectos positivos que estão sendo resgatados com ele.

“O resultado é bom, além de manter viva a memória do compositor Candeia, é uma forma de retomar o samba e o carnaval de Ubá que andam esquecidos. Estamos formando uma nova geração de sambistas e acredito que para o futuro iremos colher bons frutos.” Ressalta o professor e sociólogo.

Enfim, como bem vimos essa é mais uma forma que foi encontrada de juntar o útil ao agradável. Crianças saem das ruas e aprendem coisas novas, além de, como bem citado pelo professor Cosme, o projeto resgata um pouco mais da cultura em nossa cidade.