domingo, 20 de setembro de 2009




Em nome do samba: bloco e projetos carnavalescos promovem encontro em Piacatuba


Por Cristiane de Almeida - Jornalista


O projeto ubaense Vive Melhor Quem Samba se apresentou no Distrito de Piacatuba em Leopoldina (MG) no dia seis de setembro em um grande encontro de gerações de sambistas comprometidos com a preservação do gênero. O projeto participou da concentração do tradicional bloco do Burril que há quinze anos anima o carnaval do distrito.
Piacatuba é um distrito que tem se destacado nos últimos anos no cenário cultural com os já tradicionais festivais gastronômicos e de viola. A pracinha típica de interior mineiro pôde conhecer através do encontro, não só a importância de tais projetos na manutenção da tradição cultural brasileira, como também o papel social que o próprio samba tem, como afirma Manuel Requeijo, secretário do Batuque de Bamba: “eu privilegiaria dois aspectos, o primeiro demonstrar que as raízes da cultura de um país podem se propagar e manter sem necessidade de mercantilismo, trazendo para a mais diversa população raízes, história e aprendizado mediante a entrega desinteressada de pessoas que receberam esse importante acervo da mesma forma. O segundo, facilitar a criação de ambientes onde o serviço, apoio, escuta, intercâmbio de experiências faz estreitar laços de amizade e até de refúgio, por umas horas, longe de ambientes estressantes, competitivos e desinteressados”, concluiu.
De fato, ao som das caixas, repiques, tamborins e marcação não fazem apenas ritmo, mas o samba traz consigo uma longa história de lutas e conquistas do povo brasileiro, “o samba hoje é símbolo do Brasil, mas para chegar aonde chegou, foi preciso muita luta, pessoas como Paulo da Portela que dedicaram suas vidas ao samba devem sempre ser lembradas, pois se hoje o samba percorreu o mundo, é respeitado e admirado, isso se deve a luta deste e de tantos outros”, Cosme Elias, coordenador do projeto Vive Melhor Quem Samba.
Os organizadores do evento fizeram um balanço positivo, o presidente do CAMP (Círculo dos Amigos e Moradores de Piacatuba), Gilberto Moraes, considerou positiva a realização do evento, que segundo ele fortalece o turismo do distrito de Piacatuba. Luiz Fernando Mazzei, diretor cultural do projeto Batuque de Bamba que viajou mais de 300 km para participar do evento, destacou que “só o fato de termos conseguido reunir os dois projetos na aprazível praça de Piacatuba já valeu a viagem. Contudo, quando atentamos para o fato de que reunimos, em uma mesma atividade cultural (sem fins comerciais), mineiros e cariocas de diferentes classes sociais, faixas etárias e gênero, comprometidos com um mesmo conjunto rítmico no qual não há a presença de solistas é que podemos dizer (e até mesmo afirmar), que a chama do samba brasileiro continua acesa.”
O resultado foi muito bom e a aceitação do público melhor ainda, tanto é que os organizadores já começam a pensar em outros encontros, agora com mais integrantes de ambos os projetos. A ideia é promover um encontro anual de vários projetos tanto de Minas como do Rio de Janeiro que tenham como elo a preservação da cultura popular através do samba. A parceria entre o Batuque de Bamba e o Vive Melhor Quem Samba já existe porque seus fundadores mantém ainda estreitos laços de amizade e se iniciaram juntos no samba. “Quando vim morar em Minas Gerais, convidei o Leandro para assumir minhas funções no projeto, que ainda funcionava no bloco Boêmios da Senado, no Rio de Janeiro. O Leandro foi uma pessoa responsável diretamente por muito do que estes projetos têm hoje, foi um grande incentivador e nos momentos mais difíceis, abraçou a causa e chamou pra si a responsabilidade. Mesmo com a distância, mantemos a amizade e ainda aprendo muito com ele, uma vez que pelo fato de ser diretor de bateria das escolas como a Acadêmicos da Santa Cruz, Vizinha Faladeira e desfilar há cinco anos na Unidos da Tijuca, lhe garante muita experiência, além de estar mais em contato com as novidades”, disse Cosme.
Os projetos: Vive Melhor Quem Samba é da cidade de Ubá, iniciou suas atividades em maio de 2008, idealizado e fundado pelo sociólogo e músico Cosme Elias e Vinícius Samôr de Lacerda, atualmente vereador pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Já o Batuque de Bamba, oriundo da cidade do Rio de Janeiro, foi criado em novembro do ano de 2004, época em que ainda não se denominava como tal: “lembro-me daquela quarta-feira, onde um pequeno grupo de amigos se reuniu pra aprender a tocar, uma vez que todos éramos iniciantes. Não imaginávamos que de uma simples ideia, que era criar uma bateria para o bloco Boêmios da Senado, o projeto fosse crescer tanto, passados cinco anos, vemos que o projeto cresceu, atraiu novos membros, alunos e se tornou uma associação carnavalesca que vai para além de ser uma oficina de percussão, como na época de sua fundação”. Destacou Cosme Elias, um dos fundadores do projeto. Já o Bloco do Burril, existe há cerca de 15 anos no distrito de Piacatuba, em Leopoldina. A ideia inicial era um barril com caipirinha puxado por uma camionete, mas nos últimos dois anos passou a ser puxado por um burro, com isso, sua denominação foi alterada para Bloco do Burril.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Encontro com o Batuque de Bamba em Piacatuba.




Concentração do Bloco do Burril. Encontro dos projetos Batuque de Bamba (Rio de Janeiro) e o Vive Melhor Quem Samba (Ubá - Minas Gerais) em Piacatuba (Leopoldina - Minas Gerais).

Veja o vídeo desse encontro em www.youtube.com.br/cosmeelias